UPANIXADES — BRIHADARANYAKA UPANIXADE
Pegando Gargya pela mão, o Rei ergueu-se, e puseram-se os dois a caminhar. Chegando junto de um homem adormecido, chamaram-no por vários nomes:
— “Tu, ó Grande Rei Soma, envolto em vestes brancas!” Porém, o homem adormecido não acordou. Então, o Rei sacudiu-o com as suas mãos e acordou-o. O homem ergeu-se. E Ajatasatru disse:
— “Quando este homem estava adormecido, onde se encontrava o ‘ser’, do qual consiste a consciência? E donde é que ele regressou?”
Gargya não sabia responder.
Ajatasetru disse:
— “Quando este homem estava adormecido, o `ser’ do qual consiste a consciência, apossou-se da precepção dos sentidos e recolheu-se no espaço que contém o coração. Quando isto sucede, diz-se que o homem está adormecido. Então a respiração, a voz, a vista, a audição, e o pensamento são cativos desse ser’.
“Também lhe pertencem os mundos dos sonhos quando o homem sonha. Então ele chega a crer que se tornou um grande Rei, ou um grande Brahmane, e viver em condições altas ou baixas. Como um grande rei, levará consigo o seu povo e, atravessará os seus domínios, por onde desejar. Do mesmo modo esse ‘ser’ apodera-se das faculdades da vida desse homem, e vagueia ao sabor dos seus desejos.
“Quando o homem está no sono profundo e não se apercebe de nada, esse ‘ser’ escoa-se pelo coração até o pericárdio, através dos setenta e dois mil canais chamados HITA, que ligam o centro do coração ao pericárdio. Tal como um jovem, um grande Rei, ou um grande Brahmane podem descansar, depois de ter atingido o seu zênite, assim, acontece com o ‘ser’.
“Tal como os fios impalpáveis da aranha, ou a centelha do fogo, evolvem do grande “Ser” todas as vidas, todos os mundos, todos os deuses, todos os seres em todas as direções. Pelo entendimento de todos os mistérios do Universo, os Upanixades ajudam, a atingir a ‘Realidade da Realidade’. Os sopros vitais são uma realidade, e Ele é a sua Realidade. (29)
Assim terminou o discurso filosófico do Rei Ajatasatru, com o qual iniciou o Brahmane Driptabalaki, do clã dos Gargyas, nas subtilizas de Realidade metafísica, a mais profunda característica da Antiguidade Hindu.