Pode-se objetar que a aplicação de ambas as psicologias, a empírica e a metafísica, é para a salvação; e isso pode ser admitido, tendo em vista o fato de que a salvação implica um tipo de saúde. Mas isso não significa que, somente com base nisso, devemos escolher entre elas como um meio para esse fim; e isso pela simples razão de que a palavra “salvação” significa coisas diferentes em contextos diferentes. A saúde, considerada pela psicoterapia empírica, é uma libertação de condições patológicas específicas; a saúde, considerada pela psicoterapia metafísica, é uma libertação de todas as condições e dilemas, uma libertação da infecção da mortalidade e de ser como, quando e onde quisermos (Taittiriya Upanishad III.10.5; São João 10:9, etc.). Além disso, a busca da liberação maior implica necessariamente a obtenção da menor; pois a saúde psicofísica é uma manifestação e consequência do bem-estar espiritual (Shvetasvatara Upanishad II.12, 13). Assim, enquanto a ciência empírica está interessada apenas no próprio homem “em busca de uma alma”, a ciência metafísica está interessada no Si-mesmo [Self] imortal desse si [self], a Alma da alma. Esse Si ou Pessoa não é uma personalidade e nunca pode se tornar um objeto de conhecimento, pois é sempre sua substância; é o princípio vivo e aspirante em toda individualidade psico-hílica, “até mesmo nas formigas” (Aitareya Aranyaka I.3.8); e, de fato, é o “único transmigrante” em todas as transmigrações e evoluções. Por isso, chamamos a psicologia tradicional de pneumatologia, em vez de ciência da “alma”. E porque seu Ser “nunca se tornou alguém” (Katha Upanishad II.18), a ciência metafísica é fundamentalmente uma ciência de “autonadificação”; como em São Marcos 8:34, si quis vult post me sequi, denegat seipsum. No que se segue, tomaremos como estabelecida a distinção entre “alma” (psique, nephesh, sarira atman) e “espírito” (pneuma, psyches psyche, ruah, asarira atman) implícita na impressão usual de “self” com um “s” minúsculo e “Self” com um “S” maiúsculo. [AKCMeta]