Bhavagra pode ser explicado mais detalhadamente. Em termos gerais, essa “Sumidade do Ser Contingente” corresponde ao conceito cristão de Céu, onde há uma visão direta de Deus, mas não necessariamente uma “união mística”. Mas, como diz Meister Eckhart, “Como essa não é o sumo da união divina, tampouco é a morada da alma” (Ed. Evans I, 276), e isso está em perfeita concordância com as palavras do Saddharma Pundarika V.74, “Esse é um lugar de descanso (visrama), não uma involução” (nivrti) — ou seja, não é o que Meister Eckhart quer dizer com “Submersão”.
Estritamente falando, aqueles que atingem a Sumidade do Ser Contingente são “salvos”, pois sua essência (atmabhava, a substância individual considerada como uma “naturação do Espírito” ou como um “estado de si-mesmidade”) é indestrutível (Abhidharmakosa II.45 B), quer renasçam ou não quando seu período de permanência no plano se completa; aqueles que ainda têm “conexões” (samyojanani) são “retornadores” e aqueles que não têm, “não retornadores”. Por exemplo, um Bodhisattva “retorna” aos mundos inferiores do ser contingente, carregado pela força de seus votos messiânicos, enquanto um Buda não retorna no final dos tempos, mas é “completamente despirado” (parinirvrta).
A Sumidade do Ser Contingente corresponde à estação também chamada de “Topo da Árvore” (vrkshagra): “Aqueles que ascendem ao Topo da Grande Árvore, como eles viajam adiante? Aqueles que têm asas voam, aqueles que não têm asas caem” (Jaiminiya Upanishad Brahmana III.13). Esses últimos correspondem aos “caídos da ioga” (yogabrashtah) do Bhagavad Gita VI.41ss, ou seja, aqueles cuja visão da Verdade é obscurecida por uma fixação (estabilização) imperfeita do Intelecto na ioga (yogac calita manasah), por conta da qual não atingiram a perfeição (samsiddham); considere no budismo os seis tipos de Arhats, dos quais apenas o “Imutável” (akupya-dharman) não pode cair, enquanto a liberação dos outros é temporária (Abhidarmakosa VI.56 ), um “ir e vir”, como no Bhagavad Gita IX.21.
[pós 1936]