Baader assumiu a herança teosófica e a orquestrou à sua maneira. Interessado nas teorias da luz e, portanto, também nos problemas da óptica, observou que o sentido da visão pressupõe não apenas a existência de um espelho passivo no olho, mas também uma função ativa, formativa e de preenchimento. Da mesma forma, faz distinção entre dois tipos de imaginação, uma ativa e outra reativa. Mas como sempre pretende ir além do binário, postula a existência de um terceiro termo, mais claramente criativo do que o segundo, que discute em um pequeno texto intitulado Pour une théorie de l’image. Baader propõe que devemos distinguir entre três tipos de imagem: a imagem catóptrica, a cópia plástica ou simples “retrato” e a imagem “substancial” (“wesenhaft”). A primeira é um simples reflexo em um espelho. Aqui, a forma ainda não “estabeleceu” nenhuma substância, e vice-versa; ainda não há nada orgânico. A segunda é passiva como a primeira, mas já atesta a presença potencial de uma substância: tais são o espectro de uma rosa no foco de um espelho côncavo (uma alusão aos experimentos de palingenesia mencionados em conexão com Œtinger), o fantasma de uma pessoa morta ou ausente, o evestrum, a miragem; o sol em seu nascer ou pôr do sol, quando escondido pelo horizonte, aparece para nós apenas “em figura”, dá uma ideia dessa segunda imagem. Ela não é mais “substancial” do que a primeira, não é mais livre de seu modelo. Da mesma forma, a pronúncia de um nome não é independente do que é nomeado; magia, imagem mágica, ímã são “idênticos” no sentido de que implicam uma relação de dependência absoluta. Nesses dois primeiros casos, diríamos que a imagem permanece separada de seu original. Não há comunhão, ou consubstancialidade, com o modelo; essa é, de uma forma que não é meramente metafórica, a situação do homem vagando entre os reflexos das coisas, separado como está de seu modelo divino.
É fácil ver a necessidade de um terceiro tipo de imagem, que não seja nem um reflexo catóptrico nem mesmo um espectro palingênico de flores previamente reduzidas a centros. Baader ressalta que “substância” (“Wesen”) e “imagem” (“Bild”) são frequentemente usadas de forma intercambiável por Boehme: como vimos, toda imagem é substância para aquilo de que se tornou imagem e, da mesma forma, está sujeita ou subordinada a essa entidade. Além disso, se for espiritual, precisa de uma imagem substancial para se realizar, para se tornar “efetiva”. Por outro lado, a imagem não se torna substancial sem o espírito que reflete.
A natureza está repleta de lições. Se a água reflete o sol, é porque já é solar por natureza — o que não é o caso da terra. Essa reflexão é vista como uma troca ativa de substâncias: os raios excitam a substância solar da água para “projetar a imagem” (“einbilden”) da estrela sobre ela. Essa comparação nos ajuda a entender o processo de todo crescimento e vegetação, bem como os mistérios da vida temporal e eterna. O princípio em ação aqui é o da conjunção ativa de uma “luz interior” e um “sol exterior”. Se não houvesse nada solar — celestial — na terra — na matéria — e se não houvesse nada terrestre no sol, os dois não poderiam se interpenetrar. Nada pode se tornar “real” sem essa conjunção, que pode ser descrita como uma descida e uma subida (Baader fala frequentemente de ascensus e descensus). As figuras sonoras de Chladni provam que a substância da qual o som emana está em uma relação de conaturalidade com a matéria na qual os sons desenham seus hieróglifos.
A imagem tem o papel de mediadora entre o produtor e o produto, desde que este último concorde em participar ativamente da troca criativa. Uma concepção muito boehmiana, na verdade. Mas Baader, ao contrário de seu antecessor, não despreza explicações esquemáticas e um tanto abstratas. Em seu pequeno livro Pour une théorie de l’image, tem o cuidado de esquematizar. Que B (o sol, ou Deus) envie seu raio para A (água, ou homem). Então chega o momento do Desejo: B semeia A projetando seu raio (sua imagem) nele. “Sensibilizado” em B, A então projeta sua própria semente em B. Depois de recebê-la, B “completa a imagem” e “forma o corpo” dela, que envia de volta para A. Dessa forma, a mulher (B) excita a semente no homem (A), que ele projeta na mulher — e essa semente se torna uma criança. B é o mesmo no sentido negativo: pecamos primeiro na imaginação, depois na vontade e, finalmente, na ação. Portanto, distinguiremos três momentos na formação da imagem. O primeiro é “espiritual”, o da “Geistbild”. O segundo corresponde à vontade de A, que permite que a imagem se eleve ao nível da substância; assim, o raio que a água envia de volta ao sol se manifesta na forma das sete cores, que não são a simples refração de um raio de luz, mas algo como uma imagem septiforme que já é potencialmente substancial. O terceiro momento é o da conclusão da imagem, que, graças a B, adquire o status de corporeidade (“Leiblichkeit”), ou seja, “realidade” no sentido teosófico.
Vemos que A está sempre livre para responder ao desejo de B ou para permanecer surdo ao seu chamado. O silêncio de B é evocado por Baader em outro relato: “O Espírito não deve vir e perturbar o processo de crescimento em ação em nossos corações, assim como o sol não deve vir e brilhar sobre as raízes”. Acima de tudo, devemos nos lembrar de que tornar-se imagem de Deus não significa reduzir-nos a um mero retrato Dele, passivo e sem vida. Deus sente alegria em participar de sua imagem simbólica (“Gleichniss”) — o homem — que se tornou uma substância ativa, e não em ser catoptricamente refletido nela sem experienciar nada. Deus só experiencia, só sente, quando a imagem humana se torna substância.