Jnâna

CAMINHO — CONHECIMENTO — Jnâna

VIDE: GNOSIS

Da raiz jnâ-, conhecer, notavelmente aparentada ao grego gignosko, ao latim nosco, ao alemão kennen e ao inglês know.

Na literatura mahayana, o termo reveste-se de dignidade — um conhecimento de alto nível, metafísico, intuitivo. Opõe-se a vijñâna, conhecimento empírico — vijñapati = informação. (Les Notions philosophiques, PUF)

François Chenique: O IOGA ESPIRITUAL DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS
No caminho do conhecimento, a intuição fundamental é a da alma presente para si própria num conhecimento imediato. Conhecendo-se, a alma descobre nela a imagem e semelhança que a ligam ao Deus criador e salvador, e contempla no Verbo as ideias e protótipos (arquétipo) do que Deus criou e produziu. Tal pensamento situa-se para além de qualquer diligência filosófica: é necessária a luz da para se chegar ao segredo das ideias exemplares em Deus. A porta é única — o Verbo encarnado e sua doutrina: “A chave desse conhecimento é a doutrina do Verbo encarnado, pelo qual tudo foi reparado, do Verbo inspirado, pelo qual tudo foi revelado” [Citação do Hexaemeron de São Boaventura; cf. Bougerol. Op. cit., p. 79].
Na história da espiritualidade hindu, Ramakrishna era exteriormente bhakta, e interiormente jnani. Seu discípulo preferido, Vivekananda, era, ao contrário, exteriormente jnani e interiormente bhakta. Da mesma maneira poderíamos dizer que São Tomás de Aquino era espontaneamente, portanto interiormente, um bhakta, e exteriormente um jnani, o que explica sua obra de uma intelectualidade tão alta. São Boaventura gozava, interiormente, da certeza inata do jnani, e pôde deixar que sua devoção (bhakti) se expandisse em suas obras, curtas, mas muito densas, verdadeiras obras-primas de sabedoria, isto é, de conhecimento amoroso. Se a obra-prima de São Tomás de Aquino é uma Suma Teológica, a de São Boaventura é um Itinéraire de l’esprit vers Dieu, isto é, um tratado cristão de yoga.


Índia e China