2. Que ser inteligente poderia negar ou estabelecer o conhecedor e agente, o Si, Maheśvara, estabelecido desde o início (ādisiddhe)?
I.1.2 — O Si de todos os seres, o substrato do estabelecimento de todos os objetos, que abrange o estabelecimento de si mesmo — já que, de outra forma, seria impossível estabelecer todos os vários objetos —, autoluminoso, cuja natureza é exclusivamente a de conhecedor, anteriormente estabelecido, “antigo”, possui conhecimento e ação. A soberania (aiśvaryam) é estabelecida por meio da com-ciência interna. Portanto, somente os tolos se esforçam para estabelecer ou negar o Senhor.
3. No entanto, uma vez que Ele, embora sendo diretamente percebido (drste ‘pi), não é discernido pelo que Ele é devido à delusão, precisamente por essa razão, ao trazer Seus poderes à luz, o reconhecimento (pratyabhijñā) Dele é mostrado.
– No entanto, como o Senhor, embora estabelecido por meio da com-ciência interior (svasamvedanasiddham), não entra na esfera do conhecimento pleno e definitivo (ahidayañgamatvāt) por causa da ilusão causada por māyā, Seu mero ‘reconhecimento’ é aqui mostrado — na forma da aquisição de certeza inabalável — por meio da ilustração do sinal de reconhecimento que é representado pelas faculdades peculiares a Ele.
4. De fato, o fundamento das realidades inscientes repousa sobre o ser vivo; o conhecimento e a ação são considerados a vida do ser vivo.
– Há dois tipos de realidade: a insciente e a senciente. O estabelecimento de uma natureza insciente repousa sobre o ser vivo; o ser tal do ser vivo, ou seja, a vida, é representado precisamente pelo conhecimento e pela ação.
5. O conhecimento é autoestabelecido (svatah siddham); a ação, quando se manifesta por meio de um corpo, torna-se cognoscível também por outros. Graças a ela, o conhecimento dos outros pode ser suposto.
– Nos seres vivos, a ação, quando atinge o estágio final do movimento corporal, também se torna diretamente perceptível em outros sujeitos; o conhecimento, que é em si mesmo capaz de autopercepção, torna-se evidente (prasidhyati) também em outros, precisamente por meio da ação. Portanto, o Senhor, o Si percebido como “eu” em si mesmo e nos outros, é estabelecido na medida em que é diretamente experimentado por meio da com-ciência interna. Devido ao obscurecimento de sua verdadeira natureza causada pelo poder de māyā, o Si é, portanto, concebido de forma errônea.