Ananda Coomaraswamy: O QUE É CIVILIZAÇÃO?
Temos de entender o duplo significado da palavra grega stephanos: (1) como coroa e (2) como muralha da cidade: ou seja, como glória e como defesa. “Os filhos são a coroa do homem, são as torres da ‘cidade’” (Epigramas de Homero, XIII). Do mesmo modo a palavra páliculika, que normalmente significa turbante, também é um muro da cidade, como vemos em Samyutta Mikaya 1.182: nagaram … culika-baddham.
A interpretação de “glória” dada por Fílon tem um equivalente exato na Índia, onde os poderes da alma são “glórias” (sryah) e coletivamente são o reino, o poder e a glória (sri) dos seus possuidores majestáticos; consequentemente toda a ciência do governo é a ciência do controle desses poderes (Arthasastra 1.6; veja o meu Spiritual Authority and Temporal Power in the Indian Theory of Government, 1942, p. 86). Non potest aliquis habere ordinatam familiam, nisi ipse sit ordinatus (nenhuma pessoa consegue ter disciplina na família a não ser que primeiro ela própria tenha disciplina dentro de si), São Boaventura em De don. S.S. IV.10.V, p. 475. Isso se aplica a qualquer pessoa que se propuser a governar uma cidade ou um reino.
Roberto Pla: Evangelho de Tomé – Logion 5
A glória do Senhor é, segundo se afirma, a luz que está “diante de sua face” (Sl 16,11), a qual o saltério se refere quando diz: “Alça sobre nós a luz de teu rosto”. Na versão grega e na Vulgata se traduz este texto como “A Luz de tua face está selada em nós” (Sl 4,7), selo que não é outro — se diz — que a imagem da face impressa, mediante a ação daquela luz, no homem pneumático, espiritual, criado por Deus “a sua imagem” (Sl 4,7).
Evangelho de Tomé – Logion 52
A glória, segundo sabemos, é a que o Filho recebe do Pai — o manto de luz — e da qual João diz no prólogo de seu evangelho que é a glória do que “pôs sua morada entre nós”. O evangelista afirma: “Vimos sua glória” (a presença, ou manifestação do morador) (Jo 1,14). Certamente que esta é a mesma glória, e não há outra, pois é Única, que viu Isaías. O profeta a viu como um sinal no alto de sua morada; por isso diz: “Portanto o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que uma donzela (a alma purgada, virginal) conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel (Deus conosco)” (Isa 7:14).
O Filho da donzela está sempre vivo na presença do que acorda em ressuscitá-lo pela fé, até o ponto de concebê-lo como filho da promessa — como luz — na plenitude de alegria e gozo de seu próprio ser. Este é o Cristo de Deus, do qual Jesus diz: “Investigai as Escrituras já que credes ter nelas vida eterna, elas são as que dão testemunho de mim” (Jo 5,39).
Evangelho de Tomé – Logion 83
Acerca da glória de Cristo, se disse que é a imagem de Deus. Cristo é explicado como imagem de Deus invisível; mas ainda sendo “imagem”, Cristo é luz pois a imagem da luz verdadeira não é outra coisa que luz, e Deus sempre é luz verdadeira porque nele não há treva alguma.
-*… nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus. (2Cor 4:4)
-*… o qual é imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; (Col 1:15)
Evangelho de Tomé – Logion 106
A Glória é uma só luz indivisível. Isto aprendeu Pedro quando no acontecimento da Transfiguração quis fazer “tendas” separadas para a Glória de Jesus, Moisés e Elias, “sem saber o que dizia” (Lc 9, 33).