Adoração [EPV]

Frithjof Schuon: ESOTERISMO COMO PRINCÍPIO E COMO VIA

A adoração da Substância divina acarreta o respeito aos acidentes que a manifestam. Adorar a Deus “em espírito e em verdade” é respeitá-Lo também através desse véu que é o homem, o que praticamente equivale a dizer que é preciso respeitar em todo homem a santidade potencial na medida em que isso é racionalmente possível.
A dignidade nos é imposta por nossa deiformidade, pelo nosso sentido do sagrado, pelo nosso conhecimento e nossa adoração a Deus; a nobreza integral faz parte da .
Se as expressões elípticas fossem compreendidas com facilidade, diríamos, naturalmente, que a maior das virtudes é a verdade: a verdade na medida em que é vivida, não apenas pensada, e que se torna em nós o sentido do sagrado e da adoração.
A virtude em si é a adoração que nos vincula a Deus e nos atrai para Ele, resplandecendo à nossa volta. Adoração primordial e quase existencial, que se anuncia antes de tudo pelo sentido do sagrado, como acabamos de dizer. O sagrado é o perfume da divindade, é o divino tornado presente; amar o sagrado é impregnar-se do perfume do Ser puro e da sua serenidade. A alma da Virgem Santa, protótipo de toda alma santificada, é feita de adoração inata, a qual atualiza a Presença real do mesmo modo como um espelho reflete a luz. A alma virgem é consubstancial a essa Presença, assim como o espaço coincide com o éter que ele contém.
A virtude una, ou a devoção substancial, é repousar no Ser, simultaneamente transcendente e imanente, estando sacramentalmente presente hic et nunc. Por participar da sua própria essência, toda virtude é uma forma de adoração e, portanto, de bem-aventurança.

Perenialistas – Referências