4 A essas palavras, ele mudou de aspecto e, subitamente, tudo se abriu diante de mim num momento, e vi uma visão sem limites, tudo tornou-se luz, serena e alegre, e a tendo visto, dela encantei-me1 . E pouco depois, surgiu por sua vez2 , uma obscuridade dirigindo-se para baixo, assustadora e sombria, que se enrolou em espirais tortuosas, semelhante uma (serpente)3 , ao que me pareceu. Depois esta obscuridade transformou-se numa espécie de natureza úmida, agitada de uma maneira indizível e exalando um vapor, como do fogo sai, e produzindo uma espécie de som, um gemido indescritível. Depois dela se lançou um grito de apelo, sem articulação4 , tal que o comparei a uma voz de (fogo)5
5 apesar de que, saindo da luz …, um Verbo santo veio cobrir6 a Natureza, e um fogo sem mistura lançou-se fora da natureza úmida para o alto em direção à região sublime; era leve e vivo, e ativo ao mesmo tempo; e o ar, sendo leve, sucedeu ao sopro ígneo7 , elevando-se até o fogo a partir da terra e da água, de sorte que parecia suspensa ao fogo; pela terra e pela água, permaneciam no mesmo lugar estreitamente misturadas juntas, se bem que não se percebesse (a terra) aparte da água: e elas estavam incessantemente em movimento sob a ação do sopro do Verbo que se colocara8 acima delas, ao que percebia a orelha9 .
6 Então disse Poimandres: “Compreendeste o que esta visão significa?” E eu: “Eu o saberei”. — “Esta luz” disse ele” sou eu, Noûs, teu Deus, aquele que existe antes da natureza úmida que apareceu fora da obscuridade. Quanto ao Verbo luminoso saído do NOÛS, é o filho de Deus.” “Quem então?”, disse eu. -“Conheça o que quero dizer através do que em ti vê e ouve (o teu íntimo), é o Verbo do Senhor, e teu Noûs é o Deus Pai; não são separados um do outro, pois esta união é que é a vida.” — “Eu te agradeço” — disse. — “Agora fixa teu espírito sobre a luz e conhece isto”.
NOTAS