Baader (FC:I.5) – ação liberadora

Assim como, de acordo com o que foi dito acima, não há virtude pronta para o homem, também não há verdade pronta para ele. E assim como o homem, mesmo que tivesse permanecido fiel ao seu primeiro estado paradisíaco ou de inocência de um determinado conhecimento, teria sido obrigado, por uma atividade própria que desenvolveria, a dar substância nele a esse conhecimento dado meramente em princípio e que, consequentemente, ainda está nele apenas em potência, assim deve, porque, em vez disso, se entregou ao erro (à vaidade), reconstruir essa verdade novamente nele e somente por uma sucessiva destruição desse erro precisamente. Agora está claro aqui que não pode realizar esta função apenas por ação pessoal e sem a ajuda de uma ação libertadora, assim como, de acordo com o parágrafo anterior, sem essa ação libertadora ao escolher entre o bem e o mal, não seria capaz de tal escolha.

A crença, como imagem espiritual de Deus, é em sua própria essência, em seu estado primitivo, uma simples vontade, e essa vontade é uma semente que o espírito de fogo (como a alma) deve semear na liberdade de Deus, e assim uma árvore cresce da mesma semente (na liberdade), e a alma se alimenta dela e acalma sua vida ígnea, e assim por diante. [Jacob Boehme Encarnação, III.2.1] A vontade que deve ser posta em ação é, portanto, como tal, matéria espiritual, espírito informe, assim como o espírito é vontade informe, e toda inteligência recebeu, por assim dizer, uma parcela da Mãe Água (pois tudo sai da vontade como água ou sangue e subsiste através) para ajudá-la a se transformar em espírito. É por isso que o homem deve retirar sua vontade, já transformada em espírito, de seu tesouro terreno, onde efetuou essa transformação; e para isso deve derreter essa forma no fogo (na dor) e trazê-la de volta ao estado fluido da vontade, para que possa mergulhá-la novamente no mistério de Deus. E assim como essa constituição ocorreu na alegria, a remoção deve ocorrer na dor.

 

Franz von Baader