Na Índia, a metafísica serve como uma estrutura teórica que sustenta um corpo de disciplina espiritual; nunca é apenas uma especulação abstrata. Mais do que uma opinião fundamentada, indica a atitude do buscador em relação à sua própria experiência, uma atitude que forma o caminho que trilha para a salvação. Quando o buscador age de acordo com as conclusões a que chegou, a filosofia se mistura imperceptivelmente à religião. Na medida em que participa dessa nova atitude, a morte cede lugar à imortalidade e a escuridão da dúvida e da ignorância é banida pela luz da iluminação espiritual. Na base da busca está o objetivo final: a gnose, que não é o conhecimento das coisas, mas a percepção de sua natureza essencial. O insight metafísico é o ápice do conhecimento. Há muito tempo, aqueles que alcançaram esse conhecimento absoluto exclamaram: “ninguém mais pode trazer à nossa frente algo que ainda não tenhamos compreendido ou conhecido”. (Chandogya Upanishad) É essencialmente um estado ou experiência de reconhecimento.
Os caminhos para essa realização são diversos. Podemos trilhar o Caminho da Sabedoria (jnānamārga) e buscar intuir o Real, iluminado por seu próprio brilho, na franqueza de um insight (essencialmente místico) desenvolvido por meio da prática meditativa e do raciocínio disciplinado (viveka). Outra maneira é a Devoção (bhaktimārgā) à encarnação da verdade vivenciada com admiração e assombro religioso como Deidade. Uma terceira maneira é seguir o Caminho do Yoga e buscar a liberdade diretamente por meio do domínio (aiśvarya) do Si e, com ele, de tudo o que contém e governa. Do ponto de vista do iogue, essa é a abordagem mais direta, pois todos os caminhos tendem a essa conquista.