1. A via: o rota, o caminho (v. Tao)
Toda via tem uma direção, ela é uma linha no espaço; neste sentido, os esoteristas buscaram símbolos e analogias nas diversas vias sagradas (Egito – Terra Prometida; Tour de France dos Compagnons; etc.)
2. A VIA DE VIA: a conduta ou a condição do homem.
Via direita / Via esquerda: o Bem e o Mal, a Verdade e o Erro, Paraíso e Inferno.
“Dirige-nos no caminho reto” (Corão, I,6)
Os ameríndios distinguem “caminho vermelho”, “caminho negro”
Via estreita / Via larga: esoterismo e exoterismo, iniciação e religião.
“Entreis pela porta estreita. Pois largo e espaçoso é o caminho que leva à perdição.” (Mat. VII,13)
Mão direita / Mão esquerda
3. A VIA INICIÁTICA, soteriológica: o canal, a escolha de uma vida iniciática, um meio de liberação.
Os esoteristas gregos explicitamente opuseram a via teorética (contemplação), à via prática (magia), a via de Apolo (prazer) (Pitágoras). A alquimia propões três vias para obter a Pedra Filosofal: a via úmida ou via longa; a via seca ou via curta ou via real, que só utiliza o cadinho na terra; a via do raio, ou via diretíssima. O Bhagavad Gita admite três vias do hinduísmo )conhecimento, rito, ioga) e adiciona a devoção.
4. A VIA DE RECRUTAMENTO
Meio pelo qual se acede ao esoterismo ou à iniciação.
5. A VIA ESCATOLÓGICA
Escolha da existência post mortem. [Riffard]
A via até Deus implica sempre uma inversão: da exterioridade tem que passar à interioridade, da multiplicidade à unidade, da dispersão à concentração, do egoísmo ao desapego, da paixão à serenidade. [Schuon PP]
Por mais que a inteligência afirme as verdades metafísicas e escatológicas, a imaginação – ou o subconsciente – segue crendo firmemente no mundo, não em Deus nem no além; todo homem é a priori hipócrita. A via é precisamente o passo da hipocrisia natural à sinceridade espiritual.
A via é simples; é o homem o que é complicado. Há que combater esta complicação da alma, ou as dificuldades que a alma experimenta ou que ela cria, de três maneiras. Em primeiro lugar, pela inteligência: o homem toma consciência da relatividade – e, por conseguinte, do nada – das coisas em função da absolutez de Deus. Em segundo lugar, pela vontade: o homem põe a lembrança de Deus – logo da consciência do Real – em lugar do mundo, ou do ego, ou de determinada dificuldade do mundo ou do ego. Em terceiro lugar, pela virtude: o homem escapa ao ego e a suas misérias retirando-se em seu Centro, em relação com o qual o ego é exterior como o mundo. Estas são as três perfeições ou as três normas. Perfeição da inteligência; perfeição da vontade; perfeição da alma.
O fundamento da vida espiritual, e por conseguinte a razão de ser da vida sem mais, é, por uma parte, a verdade, ou seja a certeza do Real supremo, que é o sumo Bem, e, por outra parte, a via, ou seja o desejo da salvação, que é a felicidade suprema.
A estes dois imperativos se unem necessariamente duas qualidade ou atitudes; a resignação à vontade de Deus e a confiança na bondade de Deus. Estas qualidades, por sua vez, implicam outras duas virtudes: a gratidão e a generosidade. A gratidão para com Deus é que apreciemos o valor do que Deus nos dá, e do que nos deu desde que nascemos. [Schuon PP]