Sohrawardi – Livro dos Tabletes (Corbin, AE15)

SohravardiArcanjo Empurpurado — Livro dos Tabletes dedicados ao Emir Inadoddin (Henry Corbin, tradutor do árabe e do persa)

Já apresentamos em outro lugar (Prolegômenos III, pp. 47-61) uma análise dessa importante obra de Sohravardi, que, como o “Livro dos Templos da Luz”, tem a virtude de nos dar uma excelente visão geral da doutrina de Ishraq. Alguns temas característicos do “Livro dos Templos” são abordados aqui: o AnjoEspírito Santo como o Anjo da raça humana; o “pai” a quem as citações evangélicas favoritas do xeique se referem; o Paráclito; a metafísica da Imaginação. Juntos, esses temas levam o autor a um caminho muito mais iraniano do que no “Livre des Temples” (Livro dos Templos).

A obra deve seu título — “As Tábuas Dedicadas a Imâdoddîn” — ao príncipe seljúcida da Anatólia que é o dedicador, a saber, Imâdoddîn Qarâ Arslân ibn Ortoq, emir de Kharpût, que fundou um ramo colateral dos Ortokids em 581/1185. Como o grande “Livro da Teosofia Oriental” (Hikmat al-Ishraq) foi concluído em 582/1186, essas “Tábuas” devem ser mais ou menos contemporâneas a ele, já que a morte de Shaykh al-Ishraq (587/1191) nos deixa uma margem de apenas alguns anos a partir da ascensão do príncipe. Essas “Tábuas”, portanto, trazem a marca de Ishraq e se referem à “Teosofia Oriental”. Já apontamos que o martírio do jovem xeique ocorreu três semanas (29 de julho de 1191) depois que Ricardo Coração de Leão conquistou São João de Acre. Coincidência? Esse livro mostra nosso Shaikh fazendo amizade com um emir seljúcida de Rûm. Portanto, aqui estava ele, volens nolens, envolvido nas vicissitudes que envolviam o destino do reino latino de Jerusalém. Isso, combinado com seu destemor pela linguagem, tornou difícil para ele escapar da vingança de Saladino e de seu ‘olamâ.

[…]

O próprio Sohravardi nos diz por que compôs a obra. Sua intenção era limitar-se a um compêndio. É verdade que “filósofos recentes” às vezes compuseram obras desse tipo para seus respectivos príncipes. Ele leu sobre elas, mas também ouviu que esses príncipes dificilmente se beneficiaram delas, porque seus autores negligenciaram a observação das regras da boa pedagogia. Portanto, ele elaborou o presente trabalho em resposta a uma solicitação. Ele se esforçará para colocar o vocabulário técnico ao alcance da compreensão de seus leitores, para que eles possam tirar proveito real de seu livro. Não creio”, diz ele, “que alguém tenha feito algo parecido com este livro. Trouxe evidências para apoiar os princípios das teses fundamentais; chamei em testemunho os versículos do sagrado Corão…”

O livro consiste em um prólogo e quatro tábuas. Alguns dos trechos mais significativos escolhidos aqui para nos ajudar a entender as Narrativas Místicas vêm da segunda e da quarta tábuas.

  • Extrato do Segundo Tablete: breve tratado da Alma
  • Extratos do Quarto Tablete
    • Capítulo VII: Do conhecimento das coisas suprassensíveis
    • Capítulo VIII: Da Inteligência Agente que é o Espírito Santo
    • Tawil de versículos corânicos concernentes à Ressurreição
    • Capítulo X: Do ser como luz e da excelência do Sol
    • Capítulo XI: Da Shekinah e da Luz de Glória (Xvarnah). Os soberanos extáticos da antiga Pérsia
    • Capítulo XII: Da Imaginação ativa, ora árvore emergindo no topo do Sinai, ora árvore maldita

Comentários e notas

 

Henry Corbin (1903-1978), Sohrawardi