Poimandres Homem Arquétipo

Antropogonia

Homem Arquétipo

  • Origem e natureza
    • Parto pelo Primeiro Noûs do Homem arquétipo, imagem do Pai, no qual o Pai ama sua própria forma e para o qual faz dom de toda sua criação
    • O Homem quer criar por sua vez, disto recebe permissão do Pai e entra na esfera demiúrgica.
    • Os Governadores se encantam por ele e lhe fazem acolhida
  • Queda
    • Assim munido da natureza dos Governadores, o Homem rompe a periferia dos círculos planetários e, atravessando, se mostra à Natureza.
    • Esta, refletindo a imagem do Homem na água e sobre a terra (como sombra), se encanta do Homem.
    • O Homem ele mesmo admirando sua própria imagem refletida, se encanta e quer habitar a forma sem razão (terra).
    • Desce pois, a Natureza enlaça seu amado: eles se abraçam.
    • Consequências da queda: doravante o homem é duplo, mortal quanto ao corpo, imortal quanto ao Homem essencial, ao mesmo tempo escravo e mestre do Destino regido pela composição das esferas.

Poimandres §§ 12-15

12 Ora o Nous, Pai de todos os seres, sendo vida e luz, criou um ser humano semelhante a ele, pelo qual sentiu tanto amor como por seu próprio filho. Pois o ser humano era muito belo, reproduzido a imagem de seu Pai: pois é verdadeiramente de sua própria forma que Deus tornou-se amoroso e legou-lhe todas as suas obras.

13 Ora, assim que percebeu a criação que o demiurgo fizera no fogo, o ser humano quis produzir, também, uma obra e o Pai deu-lhe permissão. Entrando então na esfera demiúrgica, onde deveria ter plenos poderes, percebeu as obras de seu irmão e os Governadores apaixonaram-se por ele e cada um deu-lhe parte de sua própria magistratura. Tendo então aprendido a conhecer sua essência e tendo recebido participação de sua natureza, quis atravessar a periferia dos círculos e conhecer a potência daquele que reina sobre o fogo.

14 Então o Homem, que tinha pleno poder sobre o mundo dos seres mortais e animais irracionais, lançou-se através da armadura das esferas e rompendo seu envoltório fez mostrar à Natureza de baixo, a bela forma de Deus. Quando ela o viu, o ser que possuía em si a beleza insuperável e toda a energia dos Governadores aliada à forma de Deus, a Natureza sorriu de amor, pois tinha visto os traços desta forma maravilhosamente bela do ser humano se refletir na água e sua sombra sobre a terra. Tendo ele percebido esta forma semelhante a ele próprio na Natureza, refletida na água, amou-a e quis aí habitar. Assim que o quis, foi feito e veio habitar a forma sem razão. Então a Natureza, tendo recebido nela seu amado, enlaçou-o totalmente e eles se uniram pois queimavam de amor.

15 E esta é a razão porque, de todos os seres que vivem sobre a terra, o ser humano é o único que é duplo, mortal pelo seu corpo, imortal pelo ser humano essencial. Ainda que seja imortal com efeito, e que tenha poder sobre todas as coisas, sofre a condição dos mortais, submetido como é ao Destino, por esta razão, assim que se colocou sob a armadura das esferas tornou-se escravo na mesma; macho e fêmea pois nascido de um pai macho e fêmea, isento de sono pois proveniente de um ser isento de sono, não era vencido nem pelo amor nem pelo sono.

Hermetica