Sabedoria de Hafiz

Haleh Pourafzal e Roger Montgomery — A Sabedoria Espiritual de Hafiz
Haféz: Teachings of the Philosopher of Love é um notável livro sobre o poeta persa do século XIV, organizando e comentando excertos cuidadosamente traduzidos do seu grandioso Divan, por Pourafzal, de tradicional família iraniana, e seu marido, professor universitário americano, Roger Montgomery.
A beleza da tradução encontra-se na tentativa de trazer a mensagem de Hafiz, guardando sua riqueza poética original.

Os autores citam Goethe (“Hafiz não tem equivalentes”) e Emerson (“Hafiz nada teme. Vê muito longe; vê através de tudo; tal é o único homem que eu gostaria de ver ou ser”), como alguns dos pensadores admiráveis que souberam reconhecer a grandeza de Hafiz.

Excertos

  • Não deixe nem que o orgulho nem as delícias te iludam; estes episódios do mundo não se estendem até a eternidade.
  • Faça este negócio — compre de mim este coração em pedaços. Seu valor é maior que milhares inteiros.
  • Ou não se traz pra casa condutores de elefantes ou se faz uma casa com um piso muito forte.
  • Nem fama nem fortuna nos tentou até este portal; nos aproximamos como refugiados, aqui guiados pelo destino.

POEMA DE ABERTURA DO DIVAN

  • Preciso de uma bebida, servidora do vinho, esse copo manchado de uva, pois o amor que certa vez pareceu praseiroso pesou sobre minha mente.
    • Comentário: neste poema de abertura na maioria das edições do Divan, Hafiz busca a resposta de porque amar, na medida que a experiência humana com o amor é de que este é acompanhado pela dor.
  • Sinta como o cheiro do Vento do Ocidente sopra seu odor através da porta da taberna; agora sinta nossos corações batendo rápido, veja nossos temores desdobrando-se.
  • Porque nós que visitamos o amor pensamos que ficaríamos para sempre? Sabemos que a ansia por vagar sempre encontrará os amantes.
  • Logo perguntamos o Ancião: que lei faz o amor trazer a dor? Sobrieade, ele riu, se sentirá melhor quando estiveres bêbado de vinho.
    • Ele consulta o Ancião, um ser que frequentemente se encontra nos poemas de Hafiz, como sua voz interior, sua fonte de orientação espiritual.
  • Sua fortuna não pode ser ajudadas pelo tolo medo de arriscar a jogada da negra tempestade de amor sobre o oceano cego; na terminologia de Hafiz a frase para o Ancião é Pir-e-Mogham, um ser humano evoluído, um sábio que primeiramente apareceu na espiritualidade persa na tradição religiosa Mazda na época de Zaratustra, fundador do Zoroastrismo.
  • Veja claramente em todos estes amigos reunidos que ainda o suportam, o segredo do amor é que deves amar sem desejos que apegam.
  • Hafiz, desfrute daquele que amas, beba profundo e abrace; não busque com ela agradar seu mundo, só dê amor e seja gentil.
    • Comentário: abandone sua mente, diz o Ancião, e dentro de seu coração. Não esteja temeroso de sentir. Esteja disponível para arriscar.
  • Nossa posição verdadeira é esta bancada de canto da taverna; possa ela que construiu esta casa ser elevada pelo Criador.
    • Comentário: Hafez abraça o léxico persa, no qual o vinho representa iluminação, verdade, graça, conhecimento — a essência fluindo de Deus. A fonte de tudo é chamada o fazedor de vinho; o mestre o servidor de vinho, o lugar de aprendizado a taberna. Intoxicação de tal vinho induz a percepção direta da existência em sua fonte universal. Trazer a sabedoria desta percepção sutil para nosso mundo material como propriamente focalizado em amor e trabalho é o desafio da vida, o propósito da sobriedade, e a meta da busca da humanidade.
  • Por um ou dois momentos sua visão preciosa existe; discerne o caminho verdadeiro do coração enquanto teus olhos estão abertos.
  • Não busques fidelidade de nosso mundo confuso; esta bruxa é uma falsa noiva para milhares de noivos.
  • Guardes bem sua alma contra as seduções mundanas; esta bruxa lança ilusões e desaparece.
  • A noiva do mundo é supreendentemente amorosa; mas cuidado, ela não busca uma união.
    • Sabedoria condensada de Hafiz:
      • Se anseias por paz interior e queres conhecer o amor, se desejas ser um buscador espiritual como eu, podes buscar por teu tesouro espiritual através da extática intoxicação.
      • Dou-te meus pensamentos na entrada desta taberna da intoxicação. Saboreies como o primeiro gole de vinho.
      • Este caminho de paz interior está em oposição a dois inimigs mortais: hipocrisia e profanidade. Hipocrisia é o caminho da ordem estabelecida na medida que busca proteger ou prolongar a si mesma a todo custo. Profanidade é o desperdício inconsequente daqueles que reagem destrutivamente à ordem estabelecida.
      • Ao mesmo tempo, êxtase demanda que busques que busques acima de tudo o prazer. Mas estejas alerta. Se o prazer incorpora seja hipocrisia seja profanidade, estarás em guerra contigo mesmo.
      • As armas para esta guerra e as aberturas para este prazer estão todos dentro de ti. Deves encontrá-las em tua intoxicação e então usá-las no mundo material. Tal aplicação requer uma sintonia constante com teu núcleo interior, agindo sobre instinto direto, e profunda gargalhada que desata os nós de emoção.
      • Se estais verdadeiramente viajando para o amor, sua meta final deve ser apenas uma coisa: percepção e expressão da verdade.

Hafez (1325-?)