jivâtmâ

Notions philosophiques

Jiva — Princípio Vital (Excertos de “Les Notions philosophiques”, PUF, 1990)

Sânscrito, substantivo masculino

Jiva é o princípio de vida (ser) vivo, alma individual, sinônimo de jivatman ou Si individual vivo. Embora empregado no sentido de “ser vivo, o termo jiva designa mais precisamente o que o faz como tal, vivo, o princípio de vida nele. Esta ideia de uma essência que não recebe a vida do jogo de causas exteriores mas vive eternamente sua vida própria, em comunicando a vida a outros seres, é muito antiga. Ela já se encontra em uma célebre passagem do Chandogya Upanixade (VI, II, 1-3) onde Uddalaka Aruni mostra a seu filho Svetaketu uma grande árvore que se talja e se mutila de todas as maneiras mas que brota sem cessar novos brotos: “Penetrada pelo si vivo (jivatman), ela aí se mantém, firme, bebendo a seiva, e se deliciando”. Mas, o “jiva” abandona tal ou tal ramo, imediatamente ela se resseca e morre, enquanto o jiva ele mesmo não morre jamais. A sequência da passagem que identifica este princípio de vida à “essência sutil, por toda parte oculta e por toda parte presente” mostra claramente que se trata do atman ele mesmo.

É certamente natural que na filosofia vedântica, herdeira dos Upanixades, o termo jiva esteja frequentemente empregado como adjetivo e sirva para designar todos os “efeitos de unidade” suscitados pela conjunção do Si mesmo e da matéria, nema mesma desorganizada, do corpo, mantenedor de uma certa forma através do tempo, reparação das perdas, motricidade, sensibilidade, capacidade de reprodução, etc.

Mas jiva é também, e mais frequentemente, empregado substantivamente. Reveste então duas significações bem distintas,, uma positiva ou secular, outra negativa ou religiosa. Por uma lado, o jiva aparece como o atman ele mesmo enquanto instalado no corpo “reinando” sobre ele, o conservando e o dirigindo. Segundo uma definição dada por Sankara ele mesmo: “O vivente (jiva) é o princípio inteligente que supervisiona o corpo e mantém os sopros” (Comentários aos Brahma-sutra, I, I, 6, trad. Louis Renou). Mas o estado de jiva pode também ser compreendido como decadência (aparente) do Si mesmo que, preso nos limites do corpo, vê se apagar todos seus poderes transcendentes (onipotência, conhecimento e atividade universais, felicidade indivisa, etc.) e se torna o pasto da ilusão, do sofrimento e da morte. O corpo não é então um sistema de instrumentos e de órgãos à serviço do jiva mas um conjunto “condições limitantes extrínsecas” (upadhi) que velam a essência do atman e entravam sua liberdade. A pluralidade mesmo do jiva aparece então — pelo menos no Vedanta não dualista (advaita) — como uma consequência desta intervenção dos upadhi: individuação pela matéria, pela diversidade dos corpos e órgãos “sobrepostos” ao Si mesmo. O atman que é fundamente uno se multiplica falsamente em uma infinidade de jiva, todos diferentes uns dos outros, exatamente como o espaço (akasha) se deixa aparentemente compartimentar pelos muros, as cercas, as paredes dos vasos, etc., ou como o sol dá nascimento a múltiplas imagens dele mesmo,claras ou confusas, estáveis ou trêmulas, segundo a diversidade dos espelhos, planos d’água, etc., onde ele se reflete.

A noção de jiva oscila portanto entre dois polos opostos. As vezas, o jiva é disposto antes de mais nada como princípio de consciência e fundamento da unidade de um comportamento. É então muito próximo da noção de “alma individual”. Outras vezes, é denunciado como se reduzindo a uma pura aparência, a um produto da ignorância metafísica ou da maya, produto que teria vocação a desaparecer enquanto tal para que o atman reencontre a plenitude de seu ser.

Estes aspectos opostos estão reconciliados na soteriologia vedântica. O jiva pode bem ser denunciado como a associação instável e contra a natureza do Si mesmo imaculado e das condições limitantes extrínsecas, não deixa de ser o verdadeiro sujeito da ação e da experiência afetiva (aisthesis), o verdadeiro portador dos méritos e deméritos, o verdadeiro candidato à liberação. De existência em existência, é ele que garante a unidade do destino individual, mesmo se, com todo rigor, é somente o corpo sutil (linga ou suksmasharira) que transmigra e se reencarna. Não é nem mesmo possível dizer que na liberação o jiva abandona os limites que o definem e se “funde” no atman-brahman. Esta perspectiva está afastada não somente para todas as correntes de bhakti (Ramanuja, Madhava, Vallabha, etc.) que tendem a preservar a realidade de uma relação interpessoal entre a alma liberada e o Senhor, mas também para Sankara e o não-dualismo. Ela mantém implicitamente o princípio de sua diferença mútua, estabelece que estas almas poderão “à vontade” assumir diversos corpos e órgãos (IV, 4, 12-15) e afirma que elas não participarão nas operações de de criação e de governo do universo que permanecerão o apanágio do supremo Senhor ou, se se prefere, do Brahman “provido de qualidades” (saguna).


René Guénon

Purusha Inafetado

Es el “alma viva” ( jivatma ) lo que es comparable aquí a la imagen del sol en el agua, como la reflexión ( âbhâsa ), en el dominio individual y en relación a cada individuo, de la Luz, principialmente una, del “Espíritu Universal” ( atman ); y el rayo luminoso que hace existir esta imagen y que la une a su fuente es, así como lo veremos más adelante, el intelecto superior ( buddhi ), que pertenece al dominio de la manifestación informal. Es menester destacar que el rayo supone un medio de propagación ( manifestación en modo no individualizado ), y que la imagen supone un plano de reflexión ( individualización por las condiciones de un cierto estado de existencia ).


Segundo o estudo do pensamento de René Guénon, de Vicenza, Dictionnaire de René Guénon:

Jivatma é a vida, produzida por Brahma, visualizada como o conjunto de suas faculdades existenciais humanas, levando em conta igualmente as diferentes determinações que acompanham necessariamente toda forma, mas não esquecendo que metafisicamente nada deve, nem pode, ser “considerado separadamente de seu Princípio que é o Si”

Índia e China